quarta-feira, 27 de março de 2013

Aniversário...

Texto publicado em 13 de março - comemoração do aniversário de um de meus irmãos - publicado em sua linha do tempo no Facebook.

Neste último domingo, tive a oportunidade de dar aula na Escola Dominical para a classe de crianças e no meio da aula resolvi cantar com elas uma música que eu aprendi quando criança. (Com a vassourinha eu vou varrer todas as tristezas do meu coração...)
Minha mente viajou no tempo... Galopando sobre o meu coração fui à vila simples onde vivi uma parte da minha infância na cidade de Caruaru - PE. Relembrei às vezes que fui a uma igrejinha, muito simples, mas que tinha um ambiente cativante e envolvente. Relembrei as primeiras canções infantis, as quais até hoje estão em minha mente. As primeiras histórias bíblicas contadas por fantoches produzidos de maneira muito simples, mas pra mim eles eram tão interessantes que eu não conseguia desviar a minha atenção e o melhor de tudo, no final dos encontros semanais ganhávamos doces e balas. Relembrei também que ao chegar em casa, ficava cantando as músicas com os meus irmãos menores, principalmente com o Luciano. Cantávamos e cantávamos diversas vezes as mesmas músicas, acho que foi essa repetição que me ajudou a guardar na memória todas as músicas por todo esse tempo.
Passaram se cerca de vinte e sete anos, a gente cresceu e quase já não cantamos mais juntos, às vezes tentamos o Luciano e eu, um dueto, mas sem muito sucesso. Rsrsrs. O melhor de tudo é que ficaram muitas lições gravadas em nossas vidas e apesar de todas as dificuldades que passamos Deus esteve sempre conosco. Nós não sabíamos, mas Ele estava lá, cuidando de nós e de todos os detalhes, guardando-nos e nos direcionando para um futuro melhor. Hoje, treze de março de 2012, o Luciano faz aniversário, trinta e dois anos de idade. O menino que passou por diversas situações em sua vida, cresceu, amadureceu e se tornou um homem e está a um passo de se tornar “doutor”. Que história em Lú você terá pra contar para os seus filhos, hien?
Assim como Deus cuidou de nós, supriu nossas necessidades no passado não muito distante, gostaria de dizer pra você neste dia tão importante pra você que Deus estará cuidando também do seu futuro.

Para mim o viver é...


Reproduzo na íntegra um texto de Ricardo Barbosa, por considerar muito enriquecedor. Além de saber que a história de Viktor Frankl é de fato surpreendente e encorajadora para os momentos mais difíceis. Vale a pena ler...

O psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905–1997), judeu, escreveu um impressionante relato sobre o tempo que passou nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Em setembro de 1942, ele e sua família (sua mulher estava grávida) foram levados para diferentes campos de concentração. Sua maior preocupação naqueles anos de sofrimento, sem ter notícias de sua família e sem saber se sairia vivo, foi encontrar algum sentido para a vida num ambiente dominado pela mais absoluta desolação. Foi diante desta experiência que ele disse: “Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”.
Os temas mais importantes da vida só são considerados e refletidos com profundidade quando, por alguma razão, nos vemos privados deles. Somente quando sofremos algum tipo de perda é que reconhecemos o valor do que nos foi tirado. Assim é com a liberdade, a amizade, a fé, a esperança, a justiça.
Numa cultura tecnológica e pragmática, nos preocupamos mais com o “como” e menos com o “porquê”. Nós nos preocupamos mais com o gozar a vida e menos com seu sentido. A não preocupação com o porquê nos torna mais impulsivos e menos reflexivos. Mais vulgares e menos humanos.
Uma declaração do apóstolo Paulo que me impressiona -- e que tem me ajudado a refletir sobre o sentido da vida -- é o que ele diz aos cristãos de Filipos: “Para mim o viver é Cristo”. Quando penso que ele fez essa declaração de dentro de uma prisão, aguardando julgamento e com um futuro incerto, ela ganha um peso e significado enormes. É o porquê dando sentido ao como. Se tomarmos apenas a primeira parte da frase: “Para mim o viver é…”, como seria formulado o final?
Imagino que muitos diriam: “Para mim o viver é minha família”. Um bom sentido para a vida. Muitos reconhecem na família sua maior riqueza. Vivem para atender e suprir as necessidades daqueles que amam. Ter na família um porquê para viver pode ser um bom princípio. Outros talvez diriam: “Para mim o viver é o meu trabalho, a minha carreira”. Muitos encontram no trabalho um sentido para a vida. Vestem a camisa da empresa, sacrificam a saúde, o casamento e a família, sonham com promoções, bônus, viagens, prêmios, reconhecimento. Realizam-se na profissão. Outros diriam: “Para mim o viver é viajar, curtir a vida”. E por aí vai. Todos buscam, com maior ou menor profundidade, um sentido para viver.
Paulo escolheu Cristo como razão última de sua existência. Poderia ter escolhido carreira ou mesmo a família, mas reconheceu que, embora estas sejam realidades importantes na vida, não são suficientes para sustentar o sentido maior da existência humana. Mesmo estando preso e privado do trabalho e do convívio com as pessoas que amava, ele se alegrava com a possibilidade de pregar o evangelho de Cristo para os membros da guarda pretoriana. Cristo dava sentido não só à sua vida, mas também à sua morte.
Viktor Frankl descreve em seus relatos do campo de concentração que, além de sua fé em Deus, ele procurava manter viva a lembrança de sua esposa, com quem conversava em sua imaginação durante as longas marchas no inverno rigoroso. Ele dizia que o desejo de reencontrá-la dava-lhe ânimo. Quando terminou a guerra ele descobriu que sua querida esposa havia morrido de esgotamento -- além dela, perdeu seus pais e irmão.
Mesmo que a família e o trabalho sejam valores nobres e que nos enchem de significado, sabemos que podemos perdê-los, e o vazio que se segue é insuportável. “Para mim o viver é Cristo” transcende as realidades deste mundo e nos envolve num cenário que nos enche de sentido tanto na vida como na morte. Quando depositamos nossa confiança e esperança em Cristo, podemos afirmar, como Paulo: “Por esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele dia” (2Tm 1.12).
Nas palavras de Viktor Frankl, “pode-se tirar tudo de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas -- escolher a própria atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”.
Ricardo Barbosa de Sousa

terça-feira, 26 de março de 2013

Vida Eterna

E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.  João 17:3


A medida que vou ficando mais velho (maturidade), menos tenho interesse pelo pós vida. Ficar preocupado com o amanhã, com o próximo ano, com a próxima década e também com a próxima vida, parece em certo ponto uma falsa preocupação. Pensar como tudo será para mim depois de morrer está mais para uma distração. Bom... se a minha meta é a vida eterna, então essa vida deve ser atingível já agora, onde eu estou, porque a vida eterna é a vida Em e Com Deus, e Deus está onde eu estou, aqui e agora. O grande mistério da vida espiritual - *a vida em Deus - é que não temos de esperar por ela como algo que acontecerá depois. Jesus disse: "Estai em mim como eu estou em vós". É este divino "estar em" que é a vida eterna. É a presença ativa de Deus no cento do meu viver - o movimento do Espírito de Deus dentro de nós - que nos dá a vida eterna.

*Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; 
Atos 17:28




sábado, 23 de março de 2013

Como é ser pai?

Recentemente estava indo trabalhar e reencontrei um amigo que não via há tempos. Estávamos no metrô e fomos conversando sobre diversos assuntos e muitas histórias do passado. Entre uma conversa e outra ele me disse que ele e sua esposa estavam planejando ter um filho, só que ainda não tinham certeza se era o que realmente queriam. Daí me perguntou como era a experiência de ser pai.
Bom... aí a conversa tomou outro rumo. Em milésimos de segundo fui absorvido por uma sensação diferente, afinal, falar da paternidade e das minhas duas "garotinhas" não era tão simples. Fiquei pensando no que dizer ao meu amigo e procurando palavras para lhe responder. Queria que ele soubesse que nada do que ele já ouviu ou aprendeu sobre filhos lhe seria suficiente, pois a paternidade lhe causaria uma "ferida" emocional tão exposta que ele ficaria vulnerável pra sempre. Pensei na possibilidade de avisá-lo que jamais lerá um jornal novamente sem se perguntar: "E se fosse meu filho?". Que todo desastre, incêndio ou todo tipo de acidente irão assombrá-lo. Que sempre que ver fotos de crianças famintas ou sofrendo, ele imaginará se há algo pior do que ver o próprio filho (a) morrer.
Achei que deveria avisá-lo que ele deveria usar cada gota de disciplina para manter a casa funcionando, só para garantir que seu filho ficasse bem. Gostaria que ele soubesse que jamais as suas decisões serão rotineiras. Que, para uma garotinha de 4 anos, a vontade de ir ao banheiro feminino num shopping passará a ser uma grande dificuldade quando se está a sós com ela.
Gostaria de advertir ao meu amigo para que ele entendesse que amará muito mais a sua esposa por conta do cuidado que ela terá com seu filhote. Acho que ele se apaixonará pela esposa novamente, mas por motivos que agora não acharia romântico. Queria descrever para o meu amigo a alegria de ver a criança aprender andar, a chutar uma bola, a chamá-lo de "PAPA". Queria apresentar-lhe a risada gostosa de um bebê, do abraço que ele receberá ao chegar em casa depois de um longo e estressante dia de trabalho. Eu queria que ele experimentasse essa alegria, que de tão autêntica, chega a doer...
O olhar inquiridor do meu amigo me fez perceber que meu olhos estavam banhados em lágrimas.
Você jamais se arrependerá disso - Disse-lhe finalmente.

Para o heroísmo nascemos


Quando eu era criança vivia sonhando que podia voar. Queria ter super poderes. Escalar paredes dos prédios como o homem aranha. Queria voar como o Superman. Me esconder numa Batcaverna. Ter o escudo do Capitão América. Queria ter um Super Máquina. Queria ter uma moto do Ships. Queria ser um super herói.
Dai fui crescendo e minha concepção de herói foi mudando. Já não queria mostrar nenhuma associação com as personagens acima. Queria mostrar meu heroísmo através da minha rebeldia. Meus referenciais mudaram e mesmo ainda muito jovem (um menino) os meus heróis passaram ser os anti-heróis da sociedade.
Mas na minha rebeldia e falta de conhecimento, cerca de vinte e três anos atrás eu ouvi uma mensagem que balançou e mexeu com as minhas concepções. Uma mensagem que rasgava meu interior e que eu não conseguia sequer fitar o pregador, era Jesus, dizendo: "Se você quiser Eu posso te fazer um herói". Sem exitar, aceitei e comecei a buscar este heroísmo de uma maneira muito extrema. Passei então por outras fases... Queria ser um pregador famoso, daqueles que pregam para multidões. Queria ser um cantor. Queria ser músico e tocar numa filarmônica.
Mas Jesus me mostrou algo diferente disso. Com o Evangelho surgiram novos referenciais de conduta. Homens e mulheres cujos encontros e caminhadas de vida com Deus os tornam especiais. Pessoas comuns com as quais convivemos ou temos convivido em nossas comunidades, cuja paixão por gente nos constrange (às vezes até incomoda). Pessoas que se candidatam a um campo missionário que não significa necessariamente uma terra distante, podendo ser, por exemplo, o campo dos descamisados urbanos, dos párias ou até mesmo dos marginalizados no seio da própria igreja.
Esses homens e mulheres que por tantas vezes sentam-se ao nosso lado nas celebrações dominicais são nossos heróis contemporâneos, muito embora ignoremos essa possível menção honrosa e pública ou até mesmo suas presenças.
Contudo lá estão eles,  pra nos dizer, na maioria das vezes sem palavras, que a vocação para atos heroicos não é privilégio de alguns. É chamado de todos. Afinal, viver o amor até as últimas consequências, praticar a compaixão e a misericórdia, não deixa de ser uma postura heroica. Talvez anônima e quase imperceptível mas com certeza cativante e encantadora.

Você jamais se arrependerá disso...



Texto enviado ao blog de Ponte Rasa ll em comemoração ao Dia dos Pais


Recentemente estava indo trabalhar e reencontrei um amigo que não via há tempos. Estávamos no metrô e fomos conversando sobre muitos assuntos e muitas histórias do passado. Entre a conversa  me disse que ele e sua esposa estavam planejando ter um filho, só que não tinha certeza se era aquilo que realmente queria. Daí ele me perguntou como era a experiência de ser pai.
Bom... aí a conversa tomou outro rumo. Em milésimos de segundo fui absorvido por uma sensação diferente, afinal falar da paternidade e das minhas duas garotinhas não é tão simples.

Primeiras Coisas...

Olá, a ideia desse blog é responder quatro questões relacionadas a minha jornada de vida.
Dizem que é possível conhecer muito bem uma pessoa lendo o que ela escreve se prestarmos atenção nas entrelinhas, nos sentimentos embutido nos textos e nas histórias relatadas.
É com base nessa teoria que eu comecei escrever este blog.

Vou tentar separar os textos em quatro questionamentos:
Crescimento - Convivência - Construção - Transcendência

  1. Crescimento: Que tipo de gente eu me tornei?
  2. Convivência: Onde estão as pessoas que eu amo e que me amam?
  3. Construção: Qual foi e qual é minha contribuição para o bem das pessoas?
  4. Transcendência: Onde está Deus?
No começo estava preocupado somente em encontrar respostas para a pergunta 4, mas não dá pra viver somente o Transcendente sem o Imanente. Não dá pra gravitar o tempo todo na espiritualidade sem crescer como pessoa, sem conviver com gente e sem construir algo de bom.

Busco justificação para minha simplória existência, mas também e enquanto isso, vou crescendo, convivendo, construindo e tentando transcender. E por isso vou deixar por aqui também alguns dos trabalhos que tenho desenvolvido, histórias de amigos e familiares, teologia e muito blá, blá, blá...

Você poderá ler vários textos dentro dessas categorias e poderá também deixar seus comentários ou entrar em contato através da página de contato. Fique a vontade para comentar e deixar suas impressões.


sexta-feira, 22 de março de 2013

Oração!



Jesus, ao ensinar os discípulos a orar, os ensinou a pedir a vontade do Pai (Mt 6.10). O Espírito Santo, porque não sabemos orar como convém, intercede por nós falando o que Pai quer ouvir (Rm 8.27). E Deus só faz o que quer, porque quer sempre o melhor (Rm 12.2).
Talvez, diante dessa realidade, sejamos tentados a pensar: falar com quem só faz o que quer deixa pouco espaço para quem com ele fala. E então, embora essa seja a melhor maneira de compreender a profundidade da oração, parece que, para nós, só resta a frase atribuída a C.S. Lewis no filme Terra das Sombras: “Não oro para que Deus faça a minha vontade, mas para que eu seja adequado à vontade dele”.
Oração, portanto, é falar com quem quer sempre o melhor, e, por isso, só faz o que quer. E tem de ser assim, porque nós, seres humanos, a partir de nós, não sabemos o que devemos querer. Sem dúvida, não temos condição de saber o que é melhor, uma vez que nada sabemos do futuro, não interpretamos bem o passado, e, geralmente, somos atropelados pelo presente.
É possível, portanto, concluir que não vale a pena orar, ou que orar não faz sentido, se orar for entendido como levar um pedido, uma dor ou uma angústia ao Todo-Poderoso? Ou que orar só faz sentido se for para louvar, ou para abrir o coração como catarse, ou para confirmar a submissão à vontade do Pai?
Porém, antes de qualquer conclusão, consideremos: na cena apocalíptica, as orações dos servos do Cristo estão em taças de ouro e são postas pelos anciãos diante do Cordeiro vencedor (Ap 5.8). Há quem interprete que todo o desenrolar do Apocalipse é a resposta divina a essas orações. E os anciãos, no seu cântico, dizem que nós, os que cremos, somos sacerdotes que reinam na terra (Ap 5.10). E como sacerdotes reinariam, senão, por meio da oração?
Vejamos: 
1- Abraão teve atendida uma oração que não conseguiu verbalizar. Porque Abraão, orando por Sodoma, pediu que Deus poupasse a cidade se lá encontrasse 10 justos, mas os anjos enviados por Deus para executar o juízo não encontraram tal contingente (Gn 18.16-33). Abraão, ao orar, lembrava-se de Ló. Deus salvou Ló por se lembrar de Abraão (Gn 19.29).
2- Moisés ordenou que o povo de Israel lutasse com os amalequitas porque haviam atacado a Israel. Moisés subiu à montanha para interceder por seu povo. Arão e Hur perceberam que era pela oração de Moisés que a batalha era vencida e sustentaram as suas mãos até Amaleque ser desbaratada (Ex 17.8-13).
3- Josué orou e Deus deteve o movimento do universo (Js 10.6-15). E que beleza a frase que sintetiza esse momento: "Não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, tendo o Senhor, assim, atendido à voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel” (Js 10.14).
4- Ana, movida pela aflição e pelo excesso de ansiedade, orou por um filho. Eli, o Sumo Sacerdote, primeiro a julgou embriagada, mas quando a compreendeu, a abençoou. E Deus lhe concedeu um filho, Samuel, porque lembrou-se dela (1Sm 1.10-20).
5- Um anjo lutou 21 dias contra a potestade da Pérsia para atender a oração de Daniel. Disse o anjo: “foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim (Dn 10.10-14).
6- Jesus, a pedido, fez um milagre antes da hora para manter um estado de festa (Jo 2. 1-11).
7- Jesus atendeu a uma mulher antes do tempo. Ainda não era o tempo do Senhor ser manifesto aos gentios, mas atendeu ao clamor de uma senhora sírio-fenícia e destacou que o fazia por causa da palavra que ela proferiu (Mc 7.24-30).
8- Jesus incitou aos seus discípulos a orar para que Deus permitisse que o inevitável, a chegada do abominável da desolação, acontecesse em tempo onde mais gente pudesse se salvar (Mt 24.15-22).
9- Jesus disse que se um juiz iníquo pode vir a atender a um clamor, quanto mais Deus que é justo (Lc 18.1-8).
10- Paulo orou contra o que havia visto e admoestado (At 27.21-24). Deus, por sua graça, salvou a todos que estavam em estado de morte certa, por tê-los dado ao seu servo, em resposta à sua oração.
Estes são alguns dos muitos exemplos que poderíamos citar!
Por princípio e definição todo desejo de orar é ímpeto para Deus, uma vez que nós, a partir da queda, não buscamos a Deus (Rm 3.11). Logo, qualquer oração, qualquer busca pelo transcendente é fruto da graça mantenedora da Trindade, que, por esta graça, pôs a eternidade no coração do homem, para que possamos alcançar algo da transcendência que é revelada pelas coisas criadas (Ec 3.11; Rm 1.19,20).
Claro, isso não garante que estamos orando da forma certa e nem para a pessoa certa, ou seja, não há garantia de que se esteja orando para a Trindade. Até porque a humanidade perverteu esse ímpeto por meio da idolatria, o que nos torna indesculpáveis (Rm 1.21-23). 
No entanto, os que creram no Cristo, no qual a presença da eternidade no coração pela graciosa salvação encontrou plenamente a sua vocação, sabem que tal querer pela transcendência, assim como a possibilidade de experimentá-la, é resultado de operação divina em si, que em nós opera tanto o querer como o efetuar (Fp 2.13). E orar, que é demanda divina para nós (1Ts 5.17), é parte dos quereres que a Trindade opera e efetua em nós.
Deus só faz o que quer. E tem de ser assim, porque o melhor é sempre o que Deus quer. Mas vale a pena orar, não só para o diálogo necessário à vida devocional de submissão ao Pai (Mt 6.9-13), ou para pedir a sabedoria para o viver (Tg 1.5), ou para a intercessão necessária, diante da batalha espiritual (EF 6.18). Mas, também vale a pena orar a oração da ƒé (Tg 5.15), pois a oração do justo é eficaz e muito pode (Tg 5.16). 
Vale a pena orar, por ser a forma como Deus escolheu atuar na história: Deus nada faz sem revelar a seus servos (Am 3.7), e o faz para suscitar intercessão, como o fez com Abraão (Gn 18.16-18).  Foi como o apóstolo Paulo entendeu que deveria agir, a partir do discernimento que recebeu (At 27.21-24). Vale a pena orar diante de qualquer situação, porque o querer de Deus é mais extenso, abrangente e inclusivo do que qualquer ser humano é capaz de imaginar!

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Ariovaldo Ramos é escritor, articulista e conferencista sobre a missão da igreja. Foi presidente da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), missionário da SEPAL e presidente da Visão Mundial no Brasil. Atualmente é um dos presbíteros da Comunidade Cristã Reformada, em São Paulo (SP).