quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Espiríto sopra onde quer...

Quando leio a Bíblia, não encontro uma filosofia, não encontro um discurso político, uma questão metafísica e nem mesmo uma religião. Encontro a tentativa de um diálogo de Deus com o homem. Uma palavra pessoal que me é endereçada e me interroga sobre o que eu faço, sobre o que eu espero, sobre o que eu duvido, sobre o que eu penso e sobre o que eu sou.
Os textos bíblicos me comprometem, me fazem entrar numa caminhada que não está relacionada aos meus pontos de vista pessoais, nem as minhas escolhas racionais e ainda não me dão conclusões objetivas sobre tudo o que indago. De certa forma eu digo, embora sabendo que nem todos concordem com as minhas palavras, que os textos bíblicos não concluem nada, porque não há conclusão senão na Jerusalém Celestial e em nossa Ressurreição. E digo mais, os textos bíblicos são jamais uma “solução”, ao contrário, eles indicam um Caminho. Acredito que essa ausência de conclusão sistemática arruína toda tentativa de construção ideológica ou ética a partir da Bíblia.
E é justamente nessa questão, que estão os problemas das instituições religiosas de nosso tempo. Cada organização religiosa cria seus dogmas, seus ritos, suas leis aos quais ensina os seus prosélitos a viverem de acordo com o seu “próprio” sistema cristão. Quando uma organização religiosa tenta santificar as pessoas que a compõem, cria em si uma negação dos próprios fundamentos do cristianismo pelo triunfo da lei sobre a graça. Num esforço “supremo” de doutrinar a conduta cristã, de fixar definições e termos, as igrejas de nosso tempo “canalizaram” a Palavra de Deus criando um sistema complexo de “tubulações” que gerou um emaranhado de condutores específicos para cada denominação, fazendo cada igreja possuir o seu sistema condutor, um diferente do outro. Ao passo que nas Escrituras o que vemos é justamente o inverso, pois não existe um ponto de estabilização doutrinal nem dialético. “Porque o Espírito sopra onde e aonde quer”. A igreja está sendo vencida por acreditar cristianizar e moralizar o homem decaído não através da Graça, mas de suas leis farisaicas que mais escravizam do que traz liberdade. Eis aí uma pequena evidência do fracasso de nossa insignificante religiosidade disfarçada de altruísmo ou coisa semelhante.

Deus tenha misericórdia de nós.

Por: Angelo Barbosa Da Silva

1 comentários:

Mauricio Correa disse...

Irmão Ângelo, gostei mto do blog e do seu comentário. Continue sendo este instrumento nas mãos do Deus vivo!

Abraços

Mauricio