terça-feira, 9 de junho de 2020

Daniele Barbosa | 14 de junho de 1985

A Dani foi o último desejo de uma mulher que já tinha cinco meninos e por algum motivo a chegada de uma menina completaria sua alegria.
Ela chegou em 14 de junho de 1985, depois de um translado interestadual. Como diria o nosso velho, ela foi fabricada em São Paulo, mas desempacotada em Caruaru, Pernambuco.
Não sei se você consegue imaginar o ambiente que ela teve que crescer. 
Uma casa cheia de meninos, um pai extremamente machista e nenhum plano desenvolvido para as sutis delicadezas do universo feminino.
Com certeza Darwin ficaria espantado com sua adaptação e sobrevivência num ambiente hostil a feminilidade.
Embora sua mãe lhe desse alguns privilégios, estes eram eclipsados pelos comportamentos rudimentares dos seus irmãos.
Ela foi desafiada a ser forte e teve que desenvolver musculatura emocional e física.
Ela teve que brigar com meninos.
Ela aprendeu a jogar bola.
Ela aprendeu a se impor através de uma personalidade impactante. Se fosse diferente ela teria sido exterminada do meio dos capitães cavernas.
Ela aprendeu a ser da zoeira. E a zoar também.
Ela aprendeu a ser quase um menino, em suas brincadeiras, em seu modo de agir e em sua rudimentar forma de tratar os outros.
Ela se tornou uma mulher que não gostava de flores. 
Que não gostava de mi, mi, mi. 
Casca grossa.
E que, talvez por conta disso, deixe os conceitos de normalidade do que uma mulher deve fazer, serem questionados o tempo todo por sua mãe.

Mas lá no fundo, em seu DNA, há uma mulher que renasce todos os dias. 
Feminina. 
Com seus medos, inseguranças e dificuldades.
Delicada (há certa dificuldades de externalizar isso).
Embora sua musculatura emocional esteja adaptada ao mundo masculino, o seu coração bombeia fluxos feminino.
É uma irmã excelente.
É uma tia quase mãe.
E tenho certeza, se um dia quiser ser mãe, também fará um excelente trabalho com sua cria. 
Se não quiser, continuará sendo também excelente.

Que bom ter você como minha irmã. 
Obrigado pela sua participação em minha vida e pelas porradas indelicadas quando eu mais precisei.

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