segunda-feira, 24 de maio de 2010

Série: Meu escritor favorito - C. S. Lewis - Guerra nos Céus


Cartas do Diabo a seu Aprendiz apresenta uma troca ficcional de correspondências entre um tentador sênior, Screwtape, e seu protegido, Wormwood. Nesta carta, Screwtape tenta esclarecer a grande rixa entre o Inimigo (Deus), e o “Pai” de todos os tentadores, Satã. O QUE ele pretende fazer dos homens? Eis a grande questão. Imagino que não faça mal algum dizer-lhe que havia sido essa a causa principal da rixa do Nosso Pai com o Inimigo. Quando a criação do homem foi cogitada pela primeira vez e quando, já naquele estágio, o Inimigo confessou livremente que ele previa um certo episódio sobre uma cruz, Nosso Pai, com toda a naturalidade, marcou uma entrevista, solicitando-lhe explicações. O Inimigo não deu resposta; apenas contou o conto da carochinha sobre o amor desinteressado que ele estaria pondo em circulação desde então. É claro que isso era inadmissível para o Nosso Pai. Satã implorou que o Inimigo colocasse as suas cartas na mesa e lhe deu todas as oportunidades para tanto. Ele admitiu que se sentia realmente ansioso para conhecer o segredo, e o Inimigo respondeu: “Eu queria, de todo o coração, que você fizesse isso mesmo”. Acho que foi nesse ponto da entrevista que o desgosto de nosso pai, diante de tamanha desconfiança gratuita, fez com que ele se afastasse a uma distância infinita da presença e de forma tão repentina que acabou provocando o surgimento daquela história ridícula do Inimigo, de que Nosso Pai foi expulso do céu a força. Desde então, começamos a perceber por que nosso Opressor estava tão cheio de segredos. O seu trono depende desse segredo. Membros da sua facção já admitiram que, se algum dia compreendermos o que ele quer dizer por amor, a guerra acabará e nós estaremos convidados a entrar novamente nos céus. E é aí que se encontra a grande tarefa. Sabemos que Deus não sabe amar de verdade; ninguém sabe. Isso não faz sentido. Se ao menos fôssemos capazes de descobrir o que ele está realmente tramando!

C. S. Lewis – de The Screwtape Letters [Cartas do Diabo a seu Aprendiz]

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