quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Olá pessoal,
hoje 15 de Julho embora a maiora das pessoas não saibam é comemorado o dia do homem. Tudo bem, não somos consumistas, não somos influenciados pelo sistema capitalista e exercemos nosso direito de escolha de maneira muito sábia. Será isso mesmo? Tudo bem, tudo bem. Discutir o livre arbítrio não é neste momento o motivo desse email.
É que hoje, passamos a marca de 1.000 acessos ao blog Pensamentos de Deus, sei que isso é pouco mas é sempre bom celebrar com os amigos as nossas pequenas conquistas e realizações. Afinal muitos de vocês contribuiram com textos e reflexões, então... parabéns a todos. E já que nosso foco o pensamento e a reflexão gostaria de deixar a todos um texto de Robson Cavalcante que reflete nosso momento histórico...

A crise da modernidade tem feito a Igreja voltar à pré-modernidade: ao dogmatismo e ao misticismo, ao mundo mágico-mítico medieval, com um “Cristo” débil, demônios fortes e anjos importantes. A teologia da prosperidade, a teologia do domínio (reconstrucionismo), a batalha espiritual, com seus “demônios territoriais” (geopolítica infernal) e suas “maldições hereditárias”, nos enchem de justificadas preocupações.
Não podemos reduzir a Igreja a um clube religioso de iguais, que se refugia do mundo, põe a fé em um compartimento e espera a morte e o além, enquanto promove entretenimento e espetáculos alienantes, sem profundidade e sem visão.
Se quisermos ser honestos para com Deus e para conosco mesmos, teremos de reconhecer a distância entre o ideal e o real em nossos dias e a ausência de consciência e de desejo de mudanças. Sabemos que, sem compromisso com o reino, a Igreja não é Igreja, que o reino caminha pela afirmação de valores, e que não há reino sem cruz.
Entre nós, o materialismo, o ateísmo e o agnosticismo, que nunca foram fortes, praticamente desapareceram. O ocultismo e o esoterismo vivem um momento de perversa pujança. O mercado religioso explode, com seitas, cultos e igrejas para todos os gostos.
Já tivemos uma religião oficial (a católica romana, até 1889), uma religião hegemônica ou “oficiosa” (a mesma romana), e agora vivemos a tumultuada travessia para o multiculturalismo religioso e o pluralismo eclesiástico, sem que grande parte dos nossos líderes pareçam preparados para tanto. O quadro se nos afigura como caótico, desordenado, anárquico até, com a multiplicação de “microempresas religiosas” (Eu & Deus Ltda.), sob líderes autoproclamados, imaturos, pretensiosos, intolerantes e vaidosos.
As novidades esdrúxulas de origem norte-americana são acriticamente aceitas como válidas. O legado da Reforma parece ter-se perdido.
A Bíblia e a tradição viva dão lugar ao experimentalismo individualista e aos espetáculos coletivos, com seus profissionais. O liberalismo/modernismo está morto. A teologia da libertação é uma pálida memória para abraçadores de árvore. Roma, alegre e perplexa com a derrocada do comunismo e a ascensão do materialismo hedonista, redescobre os pecados do “lado de cá” (capitalismo). E o protestantismo balança entre o imobilismo, o aprisionamento
às fórmulas e formas do passado e o rompimento infeliz com suas raízes, arrebentando com a sua identidade. Temos funcionado como expressão ideológica de uma classe (a burguesia), uma civilização (o Ocidente), uma raça (os brancos), uma cultura (a anglo-saxônia) e um modo de produção (o capitalismo), cujos valores, estilo de vida e moral são identificados, equivocadamente, com o próprio cristianismo. A nossa “disciplina”, com seu controle social e seu enquadramento coletivo intolerante, está a serviço dessa cosmovisão e desse projeto.
Com o poder político constituído, tem-se relacionado de forma subserviente, trocando favores, em aproximação com os grupos dominantes e opressores, na bajulação de César. Na caça às almas isoladas e descarnadas, não se tem uma proposta transformadora de promoção social e de cristianização macroestrutural.
Com o apelo egoísta às bênçãos materiais, obstaculizamos a vida de simplicidade e de serviço como ideais cristãos. A falsa sacralização do estrangeiro nos aliena do Brasil e nos torna estrangeiros em nossa própria pátria. O nosso patrulhamento moralista bloqueia a afetividade, mata o amor, tornando a agressividade e a chatice terríveis marcas dos que seriam atingidos pela graça. Não há saída sem que se debruce sobre as páginas esclarecedoras da história da Igreja, sobre a totalidade das páginas das Sagradas Escrituras, sem que se reconheça a diversidade legítima no interior do povo de Deus, sem que se elabore uma eclesiologia da valorização da Igreja e da sua unidade, sem que se busque o esclarecimento e o poder do Espírito Santo para ser sal e luz, motores da história, transformadores da civilização. A saída pressupõe a superação da estreiteza de mente. O estado da Igreja no mundo é preocupante, mais do ponto de vista qualitativo do que quantitativo. O quadro brasileiro não é dos melhores. Assumir essa realidade comprometer-se diante de Deus com a sua mudança é sinal de uma fé obediente que quer tornar o evangelho relevante a esta geração.

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